quinta-feira, 3 de maio de 2012

O Coração é a verdade...





O Coração é a verdade...

Qual é o tamanho do coração de uma pessoa? Se fosse possível olhar de fora, qual seria o tamanho do meu coração? Eu olho agora para a minha mão fechada, em punho e a contorno com meus olhos. Essa é a dimensão dele. A minha mão é aproximadamente do tamanho do meu coração e ambos foram feitos para se abrir.
Acho providencial e significativo o simbolismo dessas duas imagens: mão e coração. Daria para falar bastante de cada um, de suas funções, de suas capacidades, limites, dos cuidados que devemos ter... Falar com poesia, com reflexão e espiritualidade... Mas eu vou insistir na imagem.
O coração foi feito para se abrir e fechar, com uma capacidade admirável e única no corpo. Ele é um músculo poderoso e resistente para suportar a pressão quando se contrai para movimentar o “sangue bom” pra todo o corpo e, logo depois, relaxar, pra receber, o “sangue usado” do corpo. A vida passa por ele e por isso nunca pode descansar. E Deus queira – e a gente ajude – que assim seja por longo tempo.
A mão foi feita pra se abrir e se fechar também, criar, desconstruir, inspirar os acordes mais belos, fazer o pão e, tristemente, até tirá-lo do faminto... A mão é parte admirável de nós e é símbolo da capacidade humana e também da prepotência que subjuga e pesa sobre o seu semelhante. É muito complexa e detalhada em ossos, tendões e músculos; só pra se ter idéia, são 27 ossos principais que a compõem e mais um tanto de pequenos ossos. Apesar disso tudo, não é vital; dá para viver sem ela.
Há quem creia poder ler o destino de alguém escrito na palma de sua mão... Há quem diga conhecer a pessoa inteira só pelo coração... Mãos se armam em punho e fazem a guerra... Mãos se abrem para repartir o pão e semeiam a esperança de um mundo novo, tão necessário e que Deus espera de nós. Mas de onde vêm tudo isso? Que motor as move? O que as inspira?
As mãos passam pelo coração, aliás, seriam ele próprio, seu espelho, seu reflexo, seu desdobramento em gesto... De fato, assim seria possível conhecer uma pessoa e o seu destino: pelas suas mãos, pela capacidade ou incapacidade de repartir, de sair de si para ir ao encontro. Sua esperança e destino, sem dúvida: o Céu. Lugar definitivo para os que o criaram raízes de céu, aqui, enquanto vivos marcando presença na história.
Fechados no egoísmo, a vida nos sufoca, para em si e vai morrendo... Assim, nascem as guerras e as injustiças, os ressentimentos e as tristezas, a solidão que não faz crescer, pois quem não reparte não recebe, e quem não se esvazia do seu próprio mundo não cresce.
Por que tanta vida sem direcionamento, tanta gente desencontrada, mesmo com tudo pra dar certo? Por que a correria de um dia inteiro, de uma vida inteira, tanto desgaste pra sobreviver, sacrificando a saúde e, muitas vezes, os sonhos pessoais? Pela família, pela comunidade, por Deus, por mim mesmo, por tudo isso?
Quando vencermos a tentação de um mundo reduzido ao nosso egocentrismo e olharmos adiante, à nossa volta, enxergaremos as feridas abertas da sociedade: gente “jogada fora”, filhos de Deus, irmãos pedindo socorro, aí contemplaremos nossa verdade inegável: sem Deus, permanecemos fechados, tudo o que possuímos aprisiona, tudo o que somos sufoca, a miséria do outro machuca, nossa própria miséria faz mal ao invés de nos impulsionar à superação.
Nossa verdade é o Coração Aberto: Jesus. Ele nos ensina a recomeçar, e muito do que isso, recomeça conosco. A vida nova passa por ele, um coração que acolheu a nossa vida inteira. Nas marcas dos pregos que chagaram suas Mãos divinas o testemunho de que o amor vai até ao extremo e dá a vida. Jesus é o seu próprio “Coração”, também transpassado. O “coração aberto” é também o nosso, feito mão que se abre como fez Jesus.(Pe. André, SCJ)

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